
O Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, foi o convidado de uma entrevista à RTP, onde abordou vários temas de relevância internacional e nacional, com especial destaque para a política externa e a relação com os Estados Unidos. Durante a conversa, Costa comentou as recentes propostas de Donald Trump, afirmando que as iniciativas do ex-presidente americano estão alinhadas com as políticas já adotadas pela União Europeia em áreas como a economia e as relações internacionais.
Costa começou por destacar que, embora Trump tenha uma abordagem bastante polémica e distinta, as suas propostas para a economia global não são tão divergentes assim das ações que a União Europeia tem vindo a implementar. O Primeiro-Ministro sublinhou que, em várias áreas, tanto a UE quanto os EUA têm adotado políticas de proteção e estímulo à indústria local, algo que foi reforçado durante a pandemia de COVID-19.
O chefe do governo português explicou ainda que, ao contrário da imagem frequentemente pintada sobre as políticas de Trump, a sua postura não é completamente isolacionista, mas sim uma tentativa de reforçar a posição dos Estados Unidos na economia global. Neste sentido, Costa afirmou que a União Europeia tem seguido um caminho semelhante, tentando proteger os seus mercados internos e ao mesmo tempo negociar acordos comerciais vantajosos.
A entrevista abordou também a relação da União Europeia com os Estados Unidos sob a administração de Joe Biden. António Costa afirmou que, apesar das diferenças entre Trump e Biden, os desafios que ambos enfrentam são semelhantes, nomeadamente no que toca à competição com potências como a China. Nesse contexto, o Primeiro-Ministro defendeu que a cooperação transatlântica deve ser mantida, mas com uma postura firme da UE na defesa dos seus interesses.
Costa não hesitou em afirmar que a Europa deve estar atenta às mudanças globais, especialmente nas áreas de inovação tecnológica e de transição energética, onde, segundo ele, os EUA têm demonstrado grande ambição. A União Europeia, com sua diversidade e forte aposta em um mercado único, deve responder a esses desafios com uma abordagem integrada, sem perder de vista os princípios de solidariedade e coesão interna.
No entanto, o Primeiro-Ministro não deixou de mencionar que a Europa precisa ser mais assertiva nas suas relações internacionais, especialmente quando se trata de questões comerciais e geopolíticas. Costa indicou que a união política e económica da UE é um trunfo importante que deve ser aproveitado para fortalecer a posição europeia no cenário global.
Por fim, António Costa reiterou a necessidade de diálogo constante entre a União Europeia e os Estados Unidos, independentemente das diferenças políticas. A cooperação entre os dois blocos é essencial para enfrentar os grandes desafios globais do futuro, como as mudanças climáticas e a crise económica. O Primeiro-Ministro de Portugal frisou que, mesmo com as diferenças de abordagem, a União Europeia deve continuar a trabalhar de forma unificada para garantir o seu futuro no cenário global.
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