Morreu a escritora e poetisa Maria Teresa Horta, aos 87 anos

 


A escritora e poetisa Maria Teresa Horta, um dos nomes mais marcantes da literatura portuguesa contemporânea, faleceu nesta segunda-feira, aos 87 anos. Figura central do movimento feminista em Portugal, Horta deixa um legado de obras que desafiaram convenções e lutaram pela liberdade de expressão.

Nascida em Lisboa, em 1937, Maria Teresa Horta destacou-se desde cedo como uma voz combativa e inovadora na poesia e na prosa. Foi uma das três autoras das Novas Cartas Portuguesas (1972), ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, obra que enfrentou a censura do regime salazarista e se tornou um símbolo da resistência feminina.

Ao longo de sua carreira, publicou dezenas de livros de poesia, romances e ensaios, sempre com uma escrita marcada pela sensualidade, pela afirmação do feminino e pela crítica social. Entre suas obras mais conhecidas estão Minha Senhora de Mim (1971), Anunciações (1989) e Poemas do Brasil (1998).

Além da literatura, Maria Teresa Horta teve uma atuação significativa no jornalismo e na militância feminista. Foi colaboradora de diversos periódicos e nunca deixou de reivindicar os direitos das mulheres, sendo uma das intelectuais mais ativas na luta pela igualdade de gênero em Portugal.

Seu trabalho recebeu múltiplos reconhecimentos, incluindo o Prêmio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em 2021, pelo livro Estranhezas. Apesar das homenagens, sempre manteve uma postura discreta e fiel aos seus ideais, recusando, por exemplo, a Ordem da Liberdade, em 2022, por discordar da forma como a cultura era tratada pelo Estado português.

A morte de Maria Teresa Horta representa uma perda irreparável para a literatura lusófona. Sua obra e sua luta, no entanto, permanecem vivas, ecoando na produção literária contemporânea e na contínua busca por justiça e liberdade.

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